Que o amor de verão seja eterno enquanto dure...
Quando o verão traz amor, mas deixa lições: Uma história de reencontro comigo mesma.
Em janeiro de 2024, Salvador parecia respirar junto comigo. O calor do verão se espalhava pelas ruas, pelos batuques distantes que embalavam as madrugadas e pelos meus pulmões, que finalmente sabiam o que era ar de verdade outra vez. Foi ali, naquele palco de cores, ritmos e mares infinitos, que Leandro entrou na minha vida.
Depois de cinco anos em um casulo que eu mesma havia tecido, algo dentro de mim cedeu. Era como se o mar de Salvador tivesse levado embora as correntes que me prendiam. E, quando ele sorriu para mim pela primeira vez, não foi um clichê de borboletas no estômago. Foi um terremoto. Uma bagunça tão deliciosa que eu não quis colocar em ordem.
Leandro não me prometeu nada. Nem precisava. A forma como ele olhava para mim, como se cada pedaço da minha intensidade fosse uma nova descoberta, já era o suficiente. Pela primeira vez em tanto tempo, eu não temi ser demais. Minha risada alta, meus abraços apertados, minha vontade de viver tudo ao máximo. Eu era um carnaval ambulante, e ele dançava ao meu lado sem perder o ritmo.
Mas havia algo maior nessa história, algo que não se via, mas se sentia. Antes daquele verão, eu havia escrito uma carta para Iemanjá. Foi na noite do Ano-Novo, quando as ondas lavavam as areias e os pedidos eram levados ao mar. Pedi a ela um homem que me enxergasse exatamente como eu era, que pudesse me fazer sentir de novo, e Leandro parecia a resposta perfeita ao meu pedido. Salvador sempre teve a bênção dela, e naquele verão eu senti o poder dessa proteção como nunca antes.
Tivemos nossos clichês, é claro. Banhos de mar, passeios de mãos dadas pelas ilhas, dividindo a vida e experiências pelas noites quentes de Salvador. Mas não havia nada mais quente que nós dois ali, havia algo no olhar dele que fazia cada momento ser único, como se o mundo tivesse parado para assistir. E talvez tenha mesmo parado, porque eu senti como se Salvador nos pertencesse.
Com o tempo, entendi que Leandro tinha prazo de validade. Ele não era o final feliz, mas o início de algo muito maior: o início de mim mesma. Iemanjá havia me dado o que pedi, mas também me ensinou que certos presentes não são para sempre. E tudo bem. Porque o que eu precisava não era de um amor eterno, mas de um amor que me lembrasse de quem eu sou.
Às vezes, me pego pensando se foi a cidade que me deu Leandro ou se foi ele que me devolveu a cidade. No final, pouco importa. O que sei é que, por aquelas semanas, eu vivi tudo o que tinha me negado durante anos. Deixei o amor entrar, dançar, fazer bagunça e, eventualmente, partir. Porque sim, Leandro foi um amor de verão. Mas foi também o primeiro amor que não me fez querer me esconder de mim mesma.
E enquanto Salvador continua em mim — na memória das noites estreladas, no cheiro de maresia que teima em aparecer, e na coragem que eu trouxe de volta — Leandro ficou onde deveria ficar: naquele verão, naquele amor, naquela versão mais livre e verdadeira de quem eu sou. Mas, no fundo, uma parte de mim desejava que ele tivesse ficado do meu lado, que nosso amor tivesse atravessado as estações e se tornado mais que uma lembrança. Ainda assim, entendi que ele veio para me ensinar, para ser o início, não o final.
Às vezes, a gente precisa de um verão para lembrar como é sentir. E, nesse janeiro, eu senti tudo.
Nossa que TUDOOO
que texto lindo! obrigada por isso ♡